Este livro é uma Literatura de Cordel, não narra todos os fatos da historia de Tomar do Geru, por dois motivos apenas alguns fatos são mencionados: Primeiro o fato de que é de Cordel apenas poucas folha na confecção para não descaracterizar; segundo é mais um testemunho vivido pelo Autor.
As formas de versos aplicados apresentam uma inovação na poesia comum.
O autor usou dois tipos de versos: primeiro verso com oito linhas ou frases, rimando na segunda, quinta e oitava frase; e o segundo com seis linhas ou frases, rimando mais precisamente na terceira e na sexta frase.
Essa forma de poesia é uma metodologia que despertará no leitor o interesse por Literatura de Cordel uma vez que irá força-lo a releitura a fim de que possa ser totalmente entendido o poema.
Prezado amigo leitor,
mim desculpe se eu errar
quando nessas linhas escrever
o que não se viu e o que se vê
do meu jeito de pensar
no coração que reina amor
até o próprio rancor
se converte e quer amar.
Nossa terra tem sua história
de conquistas e vitórias
de um povo Kiriris.
Gente forte, humilde, valorosa,
destemida, corajosa
que passaram por aqui.
Vou procurar de Geru
um pouco mais falar
não pretendo esquecer
farei de tudo pra poder
Temo não acrescentar.
É com alegria e satisfação
que mim atrevo a escrever
a Historia de Geru contar
No seus limites não se vê tanta beleza,
mas o autor da natureza
a esta terra presenteou.
Agricultura, rocha nossa de cada dia
nossa forte economia,
pedra viva de valor.
Só não sei se os Quilombolas
Também passaram por aqui
Sei porem que não mim cansarei
Por onde quer que chegarei
ha sempre alguém para eu ainda ouvir.
Já ouvi de tantos que rir
Sigo arquivando na memória
As historias dos Quiri ris
Vou contar, ainda um pouco mais
dessa terra de ancestrais
seu grande poder mostrar.
Na pecuária o melhor dos animais,
nos seus sítios laranjais,
nela se colhe o plantar.
GERU da minha vida.
Os filhos que de te nascer
terra linda e tão querida,
Desde a entrada até a saída
terão orgulho em dizer:
não ficará esquecida
por maiores que seja as feridas
vou te amar até morrer.
Teus rios ao encher e transbordar
Faz os campos verdejar,
nas terras do Centro Sul
Carro de Bois história e tradição
terra de fé e Religião
é minha TOMAR do GERU
As comunidades e povoados
Muitos não devem saber
Dessa terra tão linda
Que aos poucos vai dando vida
Pelo progresso a crescer
Todos vão sendo formados
Deixando o mesmo recado
Que ninguém ouse desfazer.
Vou fazer minha recomendação
Pode alguém não concordar
Também pode não gostar
Mas é preciso entender
Que na terra pra se viver
Resguarda o direito de respeitar
Nossa terra tem muitas comunidades
Que aos poucos irei descrever
Por favor não mim condene
se de alguns esquecer
Lopes, Ilha Poço das Moças
Delas trago a lembrança
Pois foi na minha infância
Que ali pude viver
Embora nascido na cidade
De família humildes e sem fama
Sem luxo, mordomia e sem grana
Aprendi com meus adotivos
Com trabalho garantido
Tenho vida de bacana
Geru como qualquer outra cidade
Também tem suas lendas
Em mitos acredita quem quer
Não é preciso empenhar tanta fé
Mula sem cabeça e outras coisas horrendas
Porem quando agente cresce
Muitas coisas se esclarece
E outras se desvenda
Eu mim lembro de Geru,
Dos meus tempos de menino
Todos juntos e sorrindo
Ouvindo o contos dos mais velhos
relembrando suas historias
ainda hoje estou rindo
Havia carro de bois
em todas comunidades
como transporte alternativo
que levava nosso alimento
e por força da necessidade
também o jegue, e o jumento
trazia o nosso sustento
e nossa felicidade
As besta e as mulas
também eram usadas
no transportar das cargas
que os carros não comportava
os cavalos e os burros
nenhum deles escapava
Para a população urbana
do campo vinha o alimento
porem a maior parte dos grãos
ia para a estação
lindo era o momento
a grande maquina de ferro
com barulho e forte berro
não sai de nosso pensamento
Feijão, fava pimenta
foram este os cereais
é muito fácil lembrar
que os nossos animais
com suas força brutais
ajudou a transportar
Lembro de um saudoso homem
Na comunidade zoitizeira
Comprava e vendia nosso cereais
Com honestidade sem enrolar ninguém
Era Comerciante de primeira
Para Poço das Moças, Ilha e Lopes
Era o popular CODÓ
para magistrados e doutores, Gualdino Pereira
A caridade estava com ele
de seu coração nunca saiu
sua esposa era outra peça nobre
quem conheceu pode dizer o que viu
não se cansou de ajudar os outros
de ser honesto não desistiu.
Do Lopes mim lembra um nome
Comerciante, também
Pra encurtar a historia
Esse nome in-memoria
Na lembrança todos tem
Um pouco para contar
Do saudoso João Branco do Bar
Um grande homem de bem
No Lopes também tinha
Outro nome especial
Digo isso e sustento
Um grande forrozeiro
Artista sanfoneiro
Conhecido por Nascimento
O grande Nascimento
Quando seu fole puxava
Ilha, Araujo e Lopes
quando ouvia o som dos Xotes
ninguém em casa ficava
Poço das Moças, Araçás, Piripiri
Sua fama por aqui
Como o vento se espalhava
O famoso Sanfoneiro
Para quem não conheceu
Era deficiente visual
Mas tinha um grande Don
E sem desafinar o Ton
Dava um show de alto astral
Ainda lembro de uma musica
Que sempre ele tocava
Do saudoso Luiz Gonzaga
A sanfona ainda que zangada
Solo a solo homenageava
Eu Não quero pagamento Nascimento
So quero que bote outro rabo no jumento
A letra toda verso a verso ele cantava
Da lagoa do Sande
Sou suspeito para falar
Por também ter morado ali
E minha adoção sai de lá
Terra boa e abençoada
Sou testemunha do que vi.
Vou destacar apenas um nome
Não que os outros não tenha valor
Mas este livro é pequeno
Então fique sabendo
Não mim tenham nenhum rancor
Na construção de casas e outras artes
A historia testifica
o saudoso João de Jovita
Foi o grande Mestre e Doutor.
Para construir casas
Tio João era pedreiro e carpinteiro
Era assim que eu o considerava
Também na arte de ferreiro
Espingarda foice e ponteiro
Tanto fazia como consertava
Era hábil em diversas artes
Na musica mim deu lição
Até o instrumento que tocava
Ele próprio fabricava
E com grande perfeição
Desse homem posso dizer
mesmo depois de morrer
Não saiu de meu coração
Contando essa historia
Talves você possa dizer
Esse relato eu já sabia,
E eu não posso discordar
Porem estou contando apenas
Do que vi e do que alguém dizia
Essa historia é apenas
Um pequeno fragmento
Diante do que aconteceu
Outros historiadores como eu
Contarão em outro momento
ajuntando parte por parte
promova seu debate
e tenha um bom aproveitamento
Falarei da cidade
de como a conheci
para que o leitor entenda
como ela se desenvolveu
para que quem viu a muito tempo
vendo hoje não se surpreenda
Tinha só uma escola
hoje já são mais de seis
se contar creches e pré-escolar
esse numero pode aumentar
você sabe eu também sei
ainda tem particular
não é preciso somar
isso garanto a vocês
O nome da minha rua
são muitos mas vou dizer
caixa d’água; Cruzeiro do sul;
Rua do cemitério e da saudade;
foi ali que aprendi a contemplar
as belezas do céu azul.
A minha comunidade
ganhou um apelido cruel
quando meu time tava jogando
um cara esbravecido gritando
mas perecia um coronel
não podemos jamais perder
esforcemos pra vencer
essa turma do BOREL
Assim ficou conhecida
a minha comunidade
apelidada de BOREL
mim da orgulho dizer,
a quém mim viu crescer
sou feliz e sou fiel.
Lembro da rua da Lage
Daquele prédio antigo
Eu ficava olhando pra cima
Até encubrir na esquina
Ninguém falasse comigo
Por que não respondia
Caminhando e olhando seguia
Mesmo se fosse um amigo
O prédio era conhecido
Como sobradinho de Firmino
Construído por Mangabinha
Mas a impressão que eu tinha
Era de algo divino
Pra levar ao superior tinha uma escadinha
O campo de futebol
o famoso raspadão
Alegrava a mocidade
Por que na cidade
Era pouca a diversão
Nele agente jogava
E ninguém nunca reclamava
Com uniforme ou sem, calçado ou Pé no chão
Haviam times bons
Vamos só relembrar
Flamengo de Titica,
Fluminense de Gileninho
São Paulo de Chapéu
Quem se lembra testifica
Também fiz parte da historia
Fundando o Santos e o Internacional
Junto a Zé Rossoio e a Moita
Como quem aceita e acoita
Sem nenhuma intenção formal
Logo saiu do papel
O grande time do Borel
Hoje quase profissional
Nosso atletas eram bons
E tinha muita habilidades
Quem se lembra pode afirmar
Vou ajudar você
Pra nunca mais esquecer
Alguns nomes lembrar
Zuí, Luiz Pelego e Bastião
Neném, Pirulito e Cachacinha
Tonho Bicudo, Bel e Betinho
Djenal, Neto de Cicilo, e Gileninho
Não sei se é impressão minha
Mas quando a bola no peito tocava
Com grande classe dominava
Wilson de Amelinha
Haviam outros Craques
No Brejinho os filhos de Silvino
Dos ferrolho Zé, Juvenal e João
São muitos nomes pra lembrar
Mas ainda quero citar
Do Burum, Zé Longuinho e seus Irmãos
A historia é cumprida
Vou Mudar de diversão
Pra falar do Tanque Novo
Que para todo povo
Digo sem restrição
Aquele belo lugar
Devíamos conservar
Foi nosso um grande Piscinão
Tudo que existe em nossa terra
Como também o que nela existiu
Não poderei escrever
Este livro não tem espaço
Mas se eu puder outro ainda faço
É o que posso prometer
Este trabalho é só um fragmento
Da historia de Geru
Outros ainda virão
Se houver aceitação
Em verde amarelo ou azul
O importante é que nele se tenha
Seja de que lado venha
Se do norte ou de do sul
Obrigado pela atenção
Espero que tenha gostado
Deixe ainda te dizer
Esse livro de cordel
Só de letra e papel
Outro ainda vou escrever.
TOMAR DO GERU
Minha Terra, Minha Vida
Homenagem aos 57 anos de emancipação política de Tomar do Geru.
Autor: Gerson Tomaz
Tomar do Geru, 24 de novembro de 2010