PRAÇA DE IGREJA / TOMAR DO GERU

PRAÇA DE IGREJA / TOMAR DO GERU

domingo, 1 de novembro de 2020

CHICO PARADA DURA E ZÉ VOU QUEBRAR


 




A história que agora escrevo,

Fala de dois cabras valentes,

Encrenqueiros por natureza,

Jovens belos e atraentes

Ossos duro de roer,

O que muitos não devem saber,

É que os dois eram parentes.

 

Um era primo do outro,

Assim foi que os conheci,

Criadores de nambu,

Preá, codorna e jabuti,

Além de outros animais,

Assanhaço, passo preto, cardeais,

Pinta silva, azulão e juriti.

 

Filhos de pessoas humildes,

No trabalho não tinha igual,

A preguiça não os conhecia,

Enfrentavam quais quer serviço braçal,

Foice, enxada, machado e facão

Fosse qualquer situação,

Nada lhes mudava o astral.

O nome Chico Parada Dura,

Posso dizer sim senhor,

Quando este ainda jovem,

Um bando enfrentou,

Três caídos, três feridos,

Um amarrado, dois foragidos,

Foi assim que a briga acabou.

 

Junto ao seu compassa,

O tal de Zé vou Quebrar,

Fizeram um arregaço,

Ainda consigo lembrar,

Muita gente assustada,

Outros corriam pela estrada,

Após a briga começar.

 

Era uma grande festa,

Daquelas de interior,

Denominada de novena,

Homenagem ao senhor,

Infelizmente acabou em desgraça,

Muita poeira, sujeira e fumaça,

Uma coisa feia, um triste horror.

 

 

 

Meu nome é Francisco,

Comigo a cana é dura,

Seu caldo é doce como mel,

Dele de faz a rapadura.

Toma jeito cabra de peia,

Nunca tive medo de cara feia,

Sou o Chico Parada Dura.

 

Não gosto de safadeza,

Nunca vi filho mula,

Só gosto do que presta,

Óleo com agua não se mistura.

Não queira me importunar,

Vou logo lhe avisar,

Sou o Chico Parada Dura.

 

A notícia se espalhou

E o Chico se escafedeu

Temendo ser pego

A ninguém noticia deu

Fugiu pra bem distante

Para as terras de Belo Horizonte

Testemunho de quem o conheceu

Já o seu compassa

Outro rumo pegou

Fugiu pra mais longe

Foi o que o tio contou

Ainda nesse embalo

Foi vista lá por São Paulo

E com quase dois anos voltou

 

Por acaso ou coincidência

O Chico Parada Dura Também

Mas isso por pouco tempo

Logo pegaram o trem

Ainda levaram um menino

Dessa vez para outro destino

Mas sem informar a ninguém

 

O tempo foi passando

E um deles noticia deu

Foi o menino Raimundo

Que um parente o reconheceu

La pelas terra de goiás

Depois de Seis anos ou mais

O trio para São Paulo desceu

 

 

 

Vou também querer frisar

Sobre o tal Zé vou Quebrar

Apelido um pouco feio

Mas quem conheceu pode contar

Este arrumou uma namorada

E querendo ser camarada

Resolveu presentear

 

Comprou um belo Perfume

E a sua namorada deu

Mas não passou muito tempo

Logo se arrependeu

Saindo louco porta a fora

Querendo resolver tudo na tora

Na porta da noiva um brado deu

 

Vim buscar o que é meu

Comigo nada fica impune

Todo cheio de rancor

Ódio e muito ciúme

O rosto que eu beijar

Outro homem não vai cheirar

Eu vou quebrar o perfume

Era um primo da moça

Que veio visitar o tio

Ele entendeu tudo errado

Já foi logo atravessando o rio

Ela morava do outro lado

E ele louco enciumado

Igual uma cobra no cio

 

 

O rapaz sem nada entender

Ficou todo assustado

Ouvindo os berros do Zé

Um barulho danado

Foi a toda pressa

Tentou entrar na conversa

Mas foi logo empurrado

 

 

A confusão começou

O Zé bateu no rapaz

Ainda ganhou um apelido

Que ninguém esqueceu jamais

Ai você pode se perguntar

Será que o Zé vou quebrar

É um homem de paz?

 

Nem tudo que vai volta

Onde tem pouco há mais

Um dia sem sol é escuro

Menino crescido é rapaz

Assim o mundo gira

Essa prosa me inspira

Dessa vez a falar de paz

 

Foi um ocorrido

Que nos chamou atenção

Numa casinha simples

Moravam duas irmãs

Sem proteção de seus pais

So aqueles dois rapaz

Lhe davam proteção

 

Numa noite fria e calma

Dois malandros vagabundo

Atacaram as virgens senhoras

Duas indefesa no mundo

Socorro gritaram as donzelas

O Chico correndo pulou a cancela

E chegou em questão de segundos

O Zé que também morava próximo

Escutou o mesmo grito

Saiu logo disparado

Com seu irmão Carlito

Os três chegaram quase que iguais

Ferozes como animais

Logo chegou o primo Zito

 

O Zito era primo

Do Zé e também do Chico

Foi por causa dele

Que se amenizou o ocorrido

Despois de baterem nos malandro

Para não piorar o escândalo

Amarrar num pé de angico

 

No outro dia

A noticia se espalhou

Por toda região

Uma cena inédita seu doutor

Posso adiantar a você

Nunca mais vamos vê

Logo a família de um amarrado chegou

 

 

 

Ficara amarrado no tronco

Por uma noite e um dia

Depois de muito pedidos

Incluindo de uma tia

Soltaram os dois malas

Que saíram que nem bala

Já quando a tarde esfria

 

Numa outra ocasião

Outro fato se deu

Dessa vez numa dança

Na casa de seu Irineu

Uma jovem linda e bela

Que estava ao lada da janela

Quando o caso aconteceu

 

Um rapaz que viu a moça

Logo se aproximou

A convidou para dançar

E ele recusou

O moço inconformado

Arrastando para um lado

Pelo cabelo da moça puxou

Isso foi o bastante

Para a confusão começar

O Zé que estava perto

Nem quis mais esperar

Deu um soco no rapaz

Que caiu de costa pra traz

Sem conseguir se equilibrar

 

A turma do deixa disso

Logo entrou em cena

Calma, calma rapaz

Deste moço tenha pena

Não precisa bater tanto

Vamos amarra-lo ali no canto

Ele não vai mexer mais na jovem Açucena

 

Os irmão de Açucena

Que estava mais distantes

Também vieram logo

Chegaram no mesmo instante

Queriam a todo custo

No cabra dar um susto

Daqueles arrepiantes

 

 

 

O Zé até se conformou

Mais o Chico disse não

Vou cortar dele o cabelo

Nem que seja de facão

Esse cabra safado metido

Que usa cabelo comprido

Pra mim, né Homem não

 

O que vou fazer nele

Vai lhe servir de lição

Nunca mais vai esquecer

Dessa pequena ação

Não adianta desespero

Nunca mais vai puxar cabelo

De nenhuma moça dessa região

 

O Chico e o Zé foram convidados

Numa outra ocasião

A uma festa de casamento

Naquela mesma região

Ao chegarem ali

Foi a dona Lili

Que lhes deram atenção

A dona Lili era a mãe da noiva

Uma senhora muita descente

Educada por natureza

Feliz e inteligente

Abraçou os dois e os levou

Ao lado dos noivos os assentou

Toda feliz e contente

 

A fama daqueles dois

Por aquelas bandas Se espalhou

No lugar que eles estivessem

Era tratados com amor

Por serem dois caras valentes

Eram respeitados de muita gente

Dos mais humildes ao doutor

 

Apesar de serem briguentos

Mas a todos respeitavam

Não gostavam dos vagabundos

Que a indefesos incomodavam

E assim aqueles dois

Eram iguais feijão e arroz

Sempre juntos estavam

 

 

 

No lugar que eles chegavam

Todos lhe tinha atenção

Dos maiores aos menores

Era grande a admiração

Da grande dupla tanajura

Zé vou quebrar e Chico Parada Dura

Respeitados na região

 

Ainda trago na mente

Cenas daqueles dois

Do meu tempo de infância

Melhor contar agora que depois

São fatos que vou narrar

Me ajude se eu errar

Pena que esse tempo se foi

 

Mesmo garotinho mas lembro

Dessa dupla infernal

Que não levavam desaforo pra casa

Nem na noite de natal

Fosse qual fosse a data

Vacilou caia no tapa

Do ano novo ao carnaval

Nada passava impune

Aos olhos daqueles dois

Eram valentes mas justiceiro

Uma qualidade de quem foi

Injustiçado na vida

Mas tinha a cabeça erguida

A justiça não ficava pra depois

 

A prima do Zé

Outro dia se apaixonou

Para revelar lado mal

Nenhum esforço poupou

O cara era um mala sem alça

Não valia a bainha das calça

A linda jovem à enganou

 

Numa noite de lua cheia

A moça se entregou

A cantada do mala

Que logo a desfrutou

Tirou a honra da moça

Ainda a deixou sem roupa

O que muito a humilhou

 

 

 

Rapaz isso não prestou não

Quando a jovem relatou

O fato ocorrido

O Zé nem esperou

A defesa do sujeito

Bateu sua mão no peito

E a procura pelo cabra começou

 

Dessa vez não foi só o Zé

O Chico foi mais além

De brinde ainda levou

O Raimundo, o Neném

O Pedro e o Carlito

Essa parte eu explico

Eram todos primos também

 

Procuraram aquele moço

Por toda a noite

Armados atem os dentes

Faca, facão e foice

Quando o dia amanheceu

O grupo se escondeu

Atrás  da casa de João bico Doce

João bico doce

Era o pai do individuo

O bando ficou caladinho

Ninguém dava um so zumbido

Esperando o primeiro sinal

Do moço Dorival

O tarado atrevido

 

Foi saindo um a um

Quando o sol clareou

Menos o Dorival

Esse muito tempo demorou

Os pais saíram de casa

A vingança demora mas não atrasa

Logo o Dorival acordou

 

Olhou a frente da casa

Não viu nada anormal

Saiu pela porta dos fundos

Sem olhar a lateral

O bando se aproximou

E logo o agarrou

Foi uma tragédia infernal

 

 

 

Bateram no rapaz

Que nem pode reagir

Era tapa e ponta pé

Ele nem podia fugir

O amarram num tronco

E pra aumentar o espanto

Ainda o fizeram engolir

 

Cortaram do jovem o saco

E empurram em sua boca

Uma coisa muito horrível

Ainda o deixaram sem roupa

Ficou o dia amarrado

Numa mangueira ao lado

Uma coisa muito louca

 

Quando os pais chegaram

O jovem estava desfalecido

Foi um susto muito grande

Sem saberem o ocorrido

A mãe desesperada

O pai sem saber de nada

Quando escutaram o gemido

O jovem acordou

E começou a relatar

Só não falou o motivo

Isso preferiu não falar

Contou somente o fato

Afinal era bom no papo

O resto preferiu amenizar

 

O seu João queria

Procurar o delegado

Mas o Dorival insistiu

Pai deixa isso de lado

O velho sem compreender

So pensava mandar prender

Aquele bando de malvado

 

O rapaz foi tratado

E finalmente não morreu

Depois que ficou curado

Pegou o trem e escafedeu

Fugiu de sua terra natal

Passando bem ou mal

A ninguém noticia deu

 

 

 

So depois de muito tempo

João Bico Doce sabendo ficou

O verdadeiro motivo

Como tudo começou

Ai já era tarde

Ate hoje  ninguém sabe

Que destino Dorival tomou

 

Voltando falar do bando

Empolgado me esqueci

Agora vou relatar

Mas uma das que vi

O Chico e o Zé vou Quebrar

Certa vez foram parar

No povoado calombi

 

Era um aniversario

Da filha de seu Vicente

Homem temido na região

Por ser corajoso e valente

Quando a dupla a li chegou

Ele logo os recepcionou

Muito alegre e sorridente

Mas por volta da meia noite

Um cara já embriagado

Começou caçou do Zé

Imagine o resultado

O Zé estava na roda

Essa dança na época era moda

Não aguentou ser importunado

 

Soltou a mão da moça

Sua parceira de dança

Pediu licença a Vicente

E sua filha Constância

Deu-lhe um tapa rapaz

Este caiu pra traz

Mansinho igual uma criança

 

O irmão do rapaz

Não gostou do que viu

Também entrou na briga

Mas logo logo saiu

Correndo igual saracura

Pelas entranhas da noite escura

Pegou o beco e fugiu

 

 

 

A turma do deixa disso

Com censo de ternura

Amigos deixa isso pra lá

Vamos curtir a gostosura

O compassa nada conformado

Vou mostrar a esse safado

Quem é Chico Parada Dura

 

Caçoar de meu amigo

Isso não permito

Gosto de todo mundo

Do mais feio ao mais bonito

Seja branco seja preto

Só exijo respeito

Do papagaio ao periquito

 

A festa continuou

E o cara amarrado ficou

So quando o dia amanheceu

Seu Vicente o soltou

Era assim que se fazia

Pouca policia existia

A ordem era do doutor

O doutor era o Coronel

Respeitado na região

Nada adiantava

Querer da opinião

Aprontou era amarrado

Desonrou era capado

Sem rogo ou compaixão

 

Eu lembro da dupla

E também da primarada

Era duas famílias grandes

Quase uma gangue organizada

Muitos primos e parentes

Mexer com um pedia os dentes

Sem choro ou risada

 

Quando iam a cidade

Isso no dia da feira

Sempre tinha uma encrenca

Fosse por qualquer besteira

Desaforo pra casa não ia

Ali mesmo o pau comia

Eram bons de tapa e capoeira

 

 

 

Todo bar tinha uma briga

Era quase que rotina

Os mais famosos eram

O de Ricardo e o de Nedina

Pontos estratégicos de fuga

Quando a polícia chegava na curva

Já estavam na outra esquina

 

Assistir aquelas brigas

Era uma diversão

A garotada se divertia

Não importava a razão

Não tinha bala perdida

As vezes uma faca escondida

Só aumentava a emoção

 

Quando a polícia pegava um

No outro dia soltava

A pedido do coronel

Que a família procurava

Começava tudo de novo

Fosse velho, fosse novo

Outras vezes aprontava

Lembro de uma briga

Com 0 irmão do Parada Dura

Um tal de Manezinho

Com Bené de Saracura

Tapa vinha, tapa ia

Eu de cima d’uma assistia

A mais uma travessura

 

O Manezinho venceu

Mas da policia não escapou

O Soldado Profiro

Seu cassetete puxou

Bateu no Manezinho

Esse igual um pintinho

Debaixo da botina piou

 

De uma só cacetada

O Manezinho caiu

A porrada foi tão forte

Que ele nem reagiu

Caiu no chão esperneando

Outro soldo o algemando

A cadeia o conduziu

 

 

 

Um outro acontecimento

Ainda consigo lembrar

Numa tapagem de casa

No povoado quixabá

Depois do barro pisado

Todo mundo já melado

Começaram a brincar

 

Brincar de capoeira

Era bonita a diversão

Quem derrubava mais

Era o campeão

Mas um cara envergonhado

Porque fora derrubado

Pelo garoto João

 

O rapaz estava

Com sua namorada

Achou feio cair na lama

Na presença da amada

Rapidamente levantou

Em cima do jovem pulou

A briga estava armada

O João era sobrinho

Do Chico e do Zé

Que logo compraram abriga

Já foram metendo o pé

Protegendo o sobrinho

Ele não estar sozinho

Vamos lhe dizer quem ele é

 

Do outro lado o rapaz

Também não estava só

Tinha parentes e amigos

Eram os filhos de sobó

Um outro bando terrível

Resolviam o impossível

Na base do cipó

 

Os bandos se enfrentaram

A maioria de bermuda

Chute, tapa e ponta pé

Empurrão, pesada e bicuda

Ate as crianças brigavam

Tanto batiam como apanhavam

Foi um deus nos acuda

 

 

 

Não dava para apartar

A briga foi generalizada

De um lado a tropa sobó

Contra aquela primarada

Chico e Zé vou Quebrar

Tiveram que enfrentar

Toda aquela rapaziada

 

Os sobós eram em maior numero

Mas isso não intimidou

Os Agemiros e os Tomaz

Nada os amedrontou

Renato, Cosme, Carlito

Manezinho, Gileno, benedito

Os seis mais de quinze enfrentou

 

Ainda falo de Tonho

Adriano, Bel e João

Além da dupla infernal

Que garantiram a emoção

Chico e Zé vou Quebrar

Quem pensava enfrentar

Seu destino era o chão

Ao todos foram doze

Com vinte e seis a brigar

Venceram seus adversários

Só um deles pode escapar

Saiu de pressa correndo

O sol já escurecendo

Nem cavalo conseguiu pegar

 

Os sóbos ficaram caídos

Depois que abriga acabou

Não havia nenhum morto

Posso afirmar seu doutor

Foi na casa de Carmelo

Irmão de Chico belo

Filhos de seu Beija Flor

 

Seu Carmelo conseguiu

A confusão amenizar

Impedindo que houvesse mortes

Agarrou Zé vou Quebrar

Eu lhe peço por favor

Para não aumentar o terror

Seus amigos queira acalmar

 

 

 

O pedido de seu Carmelo

A dupla atendeu

A briga logo parou

Ali ninguém morreu

Foi só mais uma intriga

As vezes chamamos de briga

Tudo que ali sucedeu

 

Agora outro fato

A vocês vou narrar

Licinho, Zé preto, Ze vaqueiro

Contra Renato, e  Zé vou Quebrar

Os vaqueiros do Periperi

Também aprontavam por ali

Dessa vez foi de laxar

 

Foram pra cima do Renato

Por causa de uma amante

Chico Parada Dura e o Zé vou Quebrar

Chegaram no mesmo instante

No bar de seu Pedão

Copos e garrafas pelo chão

O resto conto doravante

O Renato era ligeiro

Uma garrafa na mão sacou

Derrubou o primeiro

Que em sua frente passou

Dois ali feridos

Já sendo socorridos

Por mais dois que ali chegou

 

Já estava ali presente

A dupla infernal

Chico e Zé vou Quebrar

Além do primo catatal

Esse nem na briga entrou

Nenhuma sua mão sujou

Nem mudou o seu astral

 

Parece uma história lúdica

Mas tem muito fatos reais

Baseados em dois sujeito

Que até os nomes eram iguais

Essa historia vou registrar

Chico Parada Dura e Zé vou Quebrar

Os eternos imortais

 

 

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