A história que agora escrevo,
Fala de dois cabras valentes,
Encrenqueiros por natureza,
Jovens belos e atraentes
Ossos duro de roer,
O que muitos não devem saber,
É que os dois eram parentes.
Um era primo do outro,
Assim foi que os conheci,
Criadores de nambu,
Preá, codorna e jabuti,
Além de outros animais,
Assanhaço, passo preto,
cardeais,
Pinta silva, azulão e
juriti.
Filhos de pessoas humildes,
No trabalho não tinha igual,
A preguiça não os conhecia,
Enfrentavam quais quer serviço braçal,
Foice, enxada, machado e facão
Fosse qualquer situação,
Nada lhes mudava o astral.
O nome Chico Parada Dura,
Posso dizer sim senhor,
Quando este ainda jovem,
Um bando enfrentou,
Três caídos, três feridos,
Um amarrado, dois foragidos,
Foi assim que a briga acabou.
Junto ao seu compassa,
O tal de Zé vou Quebrar,
Fizeram um arregaço,
Ainda consigo lembrar,
Muita gente assustada,
Outros corriam pela
estrada,
Após a briga começar.
Era uma grande festa,
Daquelas de interior,
Denominada de novena,
Homenagem ao senhor,
Infelizmente acabou em desgraça,
Muita poeira, sujeira e fumaça,
Uma coisa feia, um triste horror.
Meu nome é Francisco,
Comigo a cana é dura,
Seu caldo é doce como mel,
Dele de faz a rapadura.
Toma jeito cabra de peia,
Nunca tive medo de cara feia,
Sou o Chico Parada Dura.
Não gosto de safadeza,
Nunca vi filho mula,
Só gosto do que presta,
Óleo com agua não se
mistura.
Não queira me importunar,
Vou logo lhe avisar,
Sou o Chico Parada Dura.
A notícia se espalhou
E o Chico se escafedeu
Temendo ser pego
A ninguém noticia deu
Fugiu pra bem distante
Para as terras de Belo Horizonte
Testemunho de quem o conheceu
Já o seu compassa
Outro rumo pegou
Fugiu pra mais longe
Foi o que o tio contou
Ainda nesse embalo
Foi vista lá por São Paulo
E com quase dois anos voltou
Por acaso ou
coincidência
O Chico Parada Dura Também
Mas isso por pouco tempo
Logo pegaram o trem
Ainda levaram um menino
Dessa vez para outro
destino
Mas sem informar a
ninguém
O tempo foi passando
E um deles noticia deu
Foi o menino Raimundo
Que um parente o reconheceu
La pelas terra de goiás
Depois de Seis anos ou mais
O trio para São Paulo desceu
Vou também querer frisar
Sobre o tal Zé vou Quebrar
Apelido um pouco feio
Mas quem conheceu pode contar
Este arrumou uma namorada
E querendo ser camarada
Resolveu presentear
Comprou um belo Perfume
E a sua namorada deu
Mas não passou muito
tempo
Logo se arrependeu
Saindo louco porta a
fora
Querendo resolver tudo
na tora
Na porta da noiva um
brado deu
Vim buscar o que é meu
Comigo nada fica impune
Todo cheio de rancor
Ódio e muito ciúme
O rosto que eu beijar
Outro homem não vai cheirar
Eu vou quebrar o perfume
Era um primo da moça
Que veio visitar o tio
Ele entendeu tudo errado
Já foi logo atravessando o rio
Ela morava do outro lado
E ele louco enciumado
Igual uma cobra no cio
O rapaz sem nada
entender
Ficou todo assustado
Ouvindo os berros do Zé
Um barulho danado
Foi a toda pressa
Tentou entrar na
conversa
Mas foi logo empurrado
A confusão começou
O Zé bateu no rapaz
Ainda ganhou um apelido
Que ninguém esqueceu jamais
Ai você pode se perguntar
Será que o Zé vou quebrar
É um homem de paz?
Nem tudo que vai volta
Onde tem pouco há mais
Um dia sem sol é escuro
Menino crescido é rapaz
Assim o mundo gira
Essa prosa me inspira
Dessa vez a falar de paz
Foi um ocorrido
Que nos chamou atenção
Numa casinha simples
Moravam duas irmãs
Sem proteção de seus pais
So aqueles dois rapaz
Lhe davam proteção
Numa noite fria e calma
Dois malandros vagabundo
Atacaram as virgens senhoras
Duas indefesa no mundo
Socorro gritaram as donzelas
O Chico correndo pulou a cancela
E chegou em questão de segundos
O Zé que também morava próximo
Escutou o mesmo grito
Saiu logo disparado
Com seu irmão Carlito
Os três chegaram quase que iguais
Ferozes como animais
Logo chegou o primo Zito
O Zito era primo
Do Zé e também do Chico
Foi por causa dele
Que se amenizou o ocorrido
Despois de baterem nos malandro
Para não piorar o escândalo
Amarrar num pé de angico
No outro dia
A noticia se espalhou
Por toda região
Uma cena inédita seu doutor
Posso adiantar a você
Nunca mais vamos vê
Logo a família de um amarrado chegou
Ficara amarrado no tronco
Por uma noite e um dia
Depois de muito pedidos
Incluindo de uma tia
Soltaram os dois malas
Que saíram que nem bala
Já quando a tarde esfria
Numa outra ocasião
Outro fato se deu
Dessa vez numa dança
Na casa de seu Irineu
Uma jovem linda e bela
Que estava ao lada da janela
Quando o caso aconteceu
Um rapaz que viu a moça
Logo se aproximou
A convidou para dançar
E ele recusou
O moço inconformado
Arrastando para um lado
Pelo cabelo da moça puxou
Isso foi o bastante
Para a confusão começar
O Zé que estava perto
Nem quis mais esperar
Deu um soco no rapaz
Que caiu de costa pra traz
Sem conseguir se equilibrar
A turma do deixa disso
Logo entrou em cena
Calma, calma rapaz
Deste moço tenha pena
Não precisa bater tanto
Vamos amarra-lo ali no canto
Ele não vai mexer mais na jovem Açucena
Os irmão de Açucena
Que estava mais distantes
Também vieram logo
Chegaram no mesmo instante
Queriam a todo custo
No cabra dar um susto
Daqueles arrepiantes
O Zé até se conformou
Mais o Chico disse não
Vou cortar dele o cabelo
Nem que seja de facão
Esse cabra safado metido
Que usa cabelo comprido
Pra mim, né Homem não
O que vou fazer nele
Vai lhe servir de lição
Nunca mais vai esquecer
Dessa pequena ação
Não adianta desespero
Nunca mais vai puxar cabelo
De nenhuma moça dessa região
O Chico e o Zé foram convidados
Numa outra ocasião
A uma festa de casamento
Naquela mesma região
Ao chegarem ali
Foi a dona Lili
Que lhes deram atenção
A dona Lili era a mãe da noiva
Uma senhora muita descente
Educada por natureza
Feliz e inteligente
Abraçou os dois e os levou
Ao lado dos noivos os assentou
Toda feliz e contente
A fama daqueles dois
Por aquelas bandas Se espalhou
No lugar que eles estivessem
Era tratados com amor
Por serem dois caras valentes
Eram respeitados de muita gente
Dos mais humildes ao doutor
Apesar de serem briguentos
Mas a todos respeitavam
Não gostavam dos vagabundos
Que a indefesos incomodavam
E assim aqueles dois
Eram iguais feijão e arroz
Sempre juntos estavam
No lugar que eles chegavam
Todos lhe tinha atenção
Dos maiores aos menores
Era grande a admiração
Da grande dupla tanajura
Zé vou quebrar e Chico Parada Dura
Respeitados na região
Ainda trago na mente
Cenas daqueles dois
Do meu tempo de infância
Melhor contar agora que depois
São fatos que vou narrar
Me ajude se eu errar
Pena que esse tempo se foi
Mesmo garotinho mas lembro
Dessa dupla infernal
Que não levavam desaforo pra casa
Nem na noite de natal
Fosse qual fosse a data
Vacilou caia no tapa
Do ano novo ao carnaval
Nada passava impune
Aos olhos daqueles dois
Eram valentes mas justiceiro
Uma qualidade de quem foi
Injustiçado na vida
Mas tinha a cabeça erguida
A justiça não ficava pra depois
A prima do Zé
Outro dia se apaixonou
Para revelar lado mal
Nenhum esforço poupou
O cara era um mala sem alça
Não valia a bainha das calça
A linda jovem à enganou
Numa noite de lua cheia
A moça se entregou
A cantada do mala
Que logo a desfrutou
Tirou a honra da moça
Ainda a deixou sem roupa
O que muito a humilhou
Rapaz isso não prestou não
Quando a jovem relatou
O fato ocorrido
O Zé nem esperou
A defesa do sujeito
Bateu sua mão no peito
E a procura pelo cabra começou
Dessa vez não foi só o Zé
O Chico foi mais além
De brinde ainda levou
O Raimundo, o Neném
O Pedro e o Carlito
Essa parte eu explico
Eram todos primos também
Procuraram aquele moço
Por toda a noite
Armados atem os dentes
Faca, facão e foice
Quando o dia amanheceu
O grupo se escondeu
Atrás da
casa de João bico Doce
João bico doce
Era o pai do individuo
O bando ficou caladinho
Ninguém dava um so zumbido
Esperando o primeiro sinal
Do moço Dorival
O tarado atrevido
Foi saindo um a um
Quando o sol clareou
Menos o Dorival
Esse muito tempo demorou
Os pais saíram de casa
A vingança demora mas não atrasa
Logo o Dorival acordou
Olhou a frente da casa
Não viu nada anormal
Saiu pela porta dos fundos
Sem olhar a lateral
O bando se aproximou
E logo o agarrou
Foi uma tragédia infernal
Bateram no rapaz
Que nem pode reagir
Era tapa e ponta pé
Ele nem podia fugir
O amarram num tronco
E pra aumentar o espanto
Ainda o fizeram engolir
Cortaram do jovem o saco
E empurram em sua boca
Uma coisa muito horrível
Ainda o deixaram sem roupa
Ficou o dia amarrado
Numa mangueira ao lado
Uma coisa muito louca
Quando os pais chegaram
O jovem estava desfalecido
Foi um susto muito grande
Sem saberem o ocorrido
A mãe desesperada
O pai sem saber de nada
Quando escutaram o gemido
O jovem acordou
E começou a relatar
Só não falou o motivo
Isso preferiu não falar
Contou somente o fato
Afinal era bom no papo
O resto preferiu amenizar
O seu João queria
Procurar o delegado
Mas o Dorival insistiu
Pai deixa isso de lado
O velho sem compreender
So pensava mandar prender
Aquele bando de malvado
O rapaz foi tratado
E finalmente não morreu
Depois que ficou curado
Pegou o trem e escafedeu
Fugiu de sua terra natal
Passando bem ou mal
A ninguém noticia deu
So depois de muito tempo
João Bico Doce sabendo ficou
O verdadeiro motivo
Como tudo começou
Ai já era tarde
Ate hoje
ninguém sabe
Que destino Dorival tomou
Voltando falar do bando
Empolgado me esqueci
Agora vou relatar
Mas uma das que vi
O Chico e o Zé vou Quebrar
Certa vez foram parar
No povoado calombi
Era um aniversario
Da filha de seu Vicente
Homem temido na região
Por ser corajoso e valente
Quando a dupla a li chegou
Ele logo os recepcionou
Muito alegre e sorridente
Mas por volta da meia noite
Um cara já embriagado
Começou caçou do Zé
Imagine o resultado
O Zé estava na roda
Essa dança na época era moda
Não aguentou ser importunado
Soltou a mão da moça
Sua parceira de dança
Pediu licença a Vicente
E sua filha Constância
Deu-lhe um tapa rapaz
Este caiu pra traz
Mansinho igual uma criança
O irmão do rapaz
Não gostou do que viu
Também entrou na briga
Mas logo logo saiu
Correndo igual saracura
Pelas entranhas da noite escura
Pegou o beco e fugiu
A turma do deixa disso
Com censo de ternura
Amigos deixa isso pra lá
Vamos curtir a gostosura
O compassa nada conformado
Vou mostrar a esse safado
Quem é Chico Parada Dura
Caçoar de meu amigo
Isso não permito
Gosto de todo mundo
Do mais feio ao mais bonito
Seja branco seja preto
Só exijo respeito
Do papagaio ao periquito
A festa continuou
E o cara amarrado ficou
So quando o dia amanheceu
Seu Vicente o soltou
Era assim que se fazia
Pouca policia existia
A ordem era do doutor
O doutor era o Coronel
Respeitado na região
Nada adiantava
Querer da opinião
Aprontou era amarrado
Desonrou era capado
Sem rogo ou compaixão
Eu lembro da dupla
E também da primarada
Era duas famílias grandes
Quase uma gangue organizada
Muitos primos e parentes
Mexer com um pedia os dentes
Sem choro ou risada
Quando iam a cidade
Isso no dia da feira
Sempre tinha uma encrenca
Fosse por qualquer besteira
Desaforo pra casa não ia
Ali mesmo o pau comia
Eram bons de tapa e capoeira
Todo bar tinha uma briga
Era quase que rotina
Os mais famosos eram
O de Ricardo e o de Nedina
Pontos estratégicos de fuga
Quando a polícia chegava na curva
Já estavam na outra esquina
Assistir aquelas brigas
Era uma diversão
A garotada se divertia
Não importava a razão
Não tinha bala perdida
As vezes uma faca escondida
Só aumentava a emoção
Quando a polícia pegava um
No outro dia soltava
A pedido do coronel
Que a família procurava
Começava tudo de novo
Fosse velho, fosse novo
Outras vezes aprontava
Lembro de uma briga
Com 0 irmão do Parada Dura
Um tal de Manezinho
Com Bené de Saracura
Tapa vinha, tapa ia
Eu de cima d’uma assistia
A mais uma travessura
O Manezinho venceu
Mas da policia não escapou
O Soldado Profiro
Seu cassetete puxou
Bateu no Manezinho
Esse igual um pintinho
Debaixo da botina piou
De uma só cacetada
O Manezinho caiu
A porrada foi tão forte
Que ele nem reagiu
Caiu no chão esperneando
Outro soldo o algemando
A cadeia o conduziu
Um outro acontecimento
Ainda consigo lembrar
Numa tapagem de casa
No povoado quixabá
Depois do barro pisado
Todo mundo já melado
Começaram a brincar
Brincar de capoeira
Era bonita a diversão
Quem derrubava mais
Era o campeão
Mas um cara envergonhado
Porque fora derrubado
Pelo garoto João
O rapaz estava
Com sua namorada
Achou feio cair na lama
Na presença da amada
Rapidamente levantou
Em cima do jovem pulou
A briga estava armada
O João era sobrinho
Do Chico e do Zé
Que logo compraram abriga
Já foram metendo o pé
Protegendo o sobrinho
Ele não estar sozinho
Vamos lhe dizer quem ele é
Do outro lado o rapaz
Também não estava só
Tinha parentes e amigos
Eram os filhos de sobó
Um outro bando terrível
Resolviam o impossível
Na base do cipó
Os bandos se enfrentaram
A maioria de bermuda
Chute, tapa e ponta pé
Empurrão, pesada e bicuda
Ate as crianças brigavam
Tanto batiam como apanhavam
Foi um deus nos acuda
Não dava para apartar
A briga foi generalizada
De um lado a tropa sobó
Contra aquela primarada
Chico e Zé vou Quebrar
Tiveram que enfrentar
Toda aquela rapaziada
Os sobós eram em maior numero
Mas isso não intimidou
Os Agemiros e os Tomaz
Nada os amedrontou
Renato, Cosme, Carlito
Manezinho, Gileno, benedito
Os seis mais de quinze enfrentou
Ainda falo de Tonho
Adriano, Bel e João
Além da dupla infernal
Que garantiram a emoção
Chico e Zé vou Quebrar
Quem pensava enfrentar
Seu destino era o chão
Ao todos foram doze
Com vinte e seis a brigar
Venceram seus adversários
Só um deles pode escapar
Saiu de pressa correndo
O sol já escurecendo
Nem cavalo conseguiu pegar
Os sóbos ficaram caídos
Depois que abriga acabou
Não havia nenhum morto
Posso afirmar seu doutor
Foi na casa de Carmelo
Irmão de Chico belo
Filhos de seu Beija Flor
Seu Carmelo conseguiu
A confusão amenizar
Impedindo que houvesse mortes
Agarrou Zé vou Quebrar
Eu lhe peço por favor
Para não aumentar o terror
Seus amigos queira acalmar
O pedido de seu Carmelo
A dupla atendeu
A briga logo parou
Ali ninguém morreu
Foi só mais uma intriga
As vezes chamamos de briga
Tudo que ali sucedeu
Agora outro fato
A vocês vou narrar
Licinho, Zé preto, Ze vaqueiro
Contra Renato, e
Zé vou Quebrar
Os vaqueiros do Periperi
Também aprontavam por ali
Dessa vez foi de laxar
Foram pra cima do Renato
Por causa de uma amante
Chico Parada Dura e o Zé vou Quebrar
Chegaram no mesmo instante
No bar de seu Pedão
Copos e garrafas pelo chão
O resto conto doravante
O Renato era ligeiro
Uma garrafa na mão sacou
Derrubou o primeiro
Que em sua frente passou
Dois ali feridos
Já sendo socorridos
Por mais dois que ali chegou
Já estava ali presente
A dupla infernal
Chico e Zé vou Quebrar
Além do primo catatal
Esse nem na briga entrou
Nenhuma sua mão sujou
Nem mudou o seu astral
Parece uma história lúdica
Mas tem muito fatos reais
Baseados em dois sujeito
Que até os nomes eram iguais
Essa historia vou registrar
Chico
Parada Dura e Zé vou Quebrar
Os eternos imortais
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